Giusep Moscati
São José Moscati
Quem é São José Moscati?
Paulo VI, o Papa que o beatificou:"Quem é este que se nos propõe para que todos o imitemos e veneremos?"
É um leigo que fêz de sua vida uma missão vivida em plena autenticidade evangélica...
É um professor universitário que deixou entre seus alunos uma marca de profunda admiração...
É um homem de ciência célebre pela sua contribuíção científica a nível internacional... Sua existência é simplesmente tudo isto...
"O homem que a partir de hoje nós invocaremos como um Santo da Igreja universal representa para nós a realização concreta do leigo cristão.
José Moscati, Médico diretor de clínica, pesquisador famoso no domínio científico, professor universitário de fisiologia humana e de química fisiológica, tomou suas múltiplas atividades com todo o engajamento que necessita a delicada profissão de leigo.
Sob este ponto de vista Moscati é um exemplo não somente a ser admirado mas a ser seguido, sobretudo pelos representantes sanitários. Ele representa um exemplo até para os que não partilham de sua fé."
PRIMEIROS TESTEMUNHOS APOS A MORTE DO PROFESSOR MOSCATI O Cardeal de Nápoles, Alessio Ascalesi, depois de ter rezado diante dos despojos mortais, dirigiu-se aos parentes dizendo isto: "O Professor pertencia mais ao Céu do que à terra. Não são as almas dos que ele curou o corpo que vieram a seu emcontro, para levá-lo ao Céu, mas as do que ele salvou a alma". No registro de pêsames colocado na entrada da casa, entre os testemunhos de lamento e simpatia, recolhemos uma frase muito significativa: "Você não quis flores nem lágrimas, mas nós choramos assim mesmo, porque o mundo perdeu um Santo, Nápoles um exemplo de virtudes, mas os doentes, eles perderam tudo!". |
O professor Moscati, que nos tinha convidado, já tinha se dirigido à sala e nos apressamos em segui-lo.
«O médico está numa posição privilegiada, pois frequentemente ele se encontra em presença de almas que - apesar de erros cometidos - estão capitulando e voltando aos prinípios heréticos dos ancestrais e estão ansiosos em serem reconfortados pois estão arrasados pelas dores. Bem aventurado o médico, que pode compreender o mistério destes corações e inflamá-los de novo». (carta enviada ao doutor Onófrio Nastri de Amalfi (SA), no dia 8 de Março de 1925) |
Desde minha infância, via com interesse o hospital dos Incuráveis, que meu pai me mostrava com o dedo e este lugar me inspirava sentimentos de compaixão por causa da dor sem nome, aliviada no interior destas paredes.
Levado por profunda emoção eu começava a refletir sobre a renovação periódica do mundo e as ilusões se iam como se fossem as flores das laranjeiras que caíam em volta de mim.
Nesta época, eu me consacrava aos estudos de Letras e não imaginava e nem sonhava que um dia neste edifício branco - onde mal se viam atrás dos vitrais os doentes hospitalizados como se fossem fantasmas brancos - eu subiria ao escalão mais elevado da medicina.
Vou tentar, graças a Deus, e com minhas módicas forças, de responder à confiança que me foi concedida e de colaborar na reconstrução econômica dos velhos hospitais de Nápoles nestes tempos tão miseráveis».
A família Moscati provém de Santa Lucia de Serino, pequena região na província de Avellino.
Em S. Lucia de Serino, em 1836, nasceu Francisco, o pai do futuro Santo, que se diplomou em jurisprudência e percorreu brilhantemente a carreira da magistratura.
Foi juiz do Tribunal de Cassino, Presidente do Tribunal de Benevento, Conselheiro da Corte de Apelo, primeiro em Ancona e depois em Nápoles, onde faleceu em 21 de Dezembro de 1897.
Em Cassino Francisco Moscati conheceu e esposou Rosa de Luca. Do matrimônio nasceram nove filhos: José foi o sétimo.
Assim viveu o pai do Santo, todo ano conduzia a esposa e os filhos a terra natal, para um período de repouso e para estar em contato com a natureza. Se dirigiam juntos à igreja das Clarissas, para participar da Missa, que freqüentemente o próprio Francisco servia.
Em duas cartas S. José Moscati faz referência a terra natal. A primeira é de 20 de Julho de 1923, escrita durante sua viagem à França e Inglaterra:
"Às 14.20 horas partimos para Modane, para a França. [...] Atravessamos os vales fechados de montes recobertos de castanheiras (Borgonha). Aqui e lá o nastro prateado dos rios: como é simples esta paisagem como aquela inesquecível de Serino, o único lugar ao mundo, a Irpinia, onde com prazer passarei os meus dias, porque encerra as mais importantes, as mais doces memórias da minha infância, e os restos mortais dos meus queridos!"
A segunda carta foi escrita em 19 de Janeiro de 1924, depois de ter presenciado a morte de um tio seu:
"O fim de tio Carmelo é o abalo de tantas recordações queridas ligadas à sua pessoa. Oh, as doces memórias da infância, dos montes de Serino! Assim como as pessoas da terra de meu pai me estão plantadas no coração indelével; e a desilusão de mais: Precipita a parte romântica da minha personalidade. E mais me sinto só, só e próximo a Deus!"
José Moscati nasceu em Benevento em 25 de Julho de 1880, festa litúrgica de S. Tiago Maior Apóstolo. A família mudou-se para lá de Cassino em 1877, quando Francisco Moscati foi promovido Presidente do Tribunal, tomando morandia na Rua S.Diodato, nos arredores do hospital dos irmãos de caridade.
Poucos meses depois foram morar em um apartamento da Rua Porta Áurea, próximo ao Arco de Trajano, construído em honra do Imperador em 114 d.C. No palácio Andreotti, comprado depois da família Leo, nasceu José, no último quarto à esquerda. Se tem acesso ao apartamento através de um amplo portal que vai a um pátio ao qual parte uma grande escada de pedra. Uma lápide ao lado do portão de entrada recorda o acontecimento.
Na Catedral de Benevento, na capela do SS. Sacramento, se pode admirar a estátua de mármore de S. José Moscati, obra de P. Mazzei de Pietrasanta.
Benevento ao nascimento de MoscatiEm 3 de Setembro de 1860, após cerca de oito séculos de governo pontifício, Benevento era anexada ao Reino da Itália.
O último Delegado Apostólico, Mons. Eduardo Agnelli, ao deixar a cidade havia recebido honra das armas dos soldados do novo regime. A cidade mudava de vida e entrava na ordem territorial da nação italiana.
"Segundo o esquema político piemontês foram desapropriados os conventos, expulsos os religiosos, violados os arquivos, deturpadas ou destruídas as linhas arquitetônicas dos antigos edifícios. Alguns esperavam coisas novas e interessantes. Outros temiam... O clan maçônico, importado da zona limítrofe, então também teve seu tempo favorável.
Á chegada da família Moscati, [...] em Benevento os ardores eram em boa parte ás escondidas". (Lauro Maio, S.Giuseppe Moscati e Benevento sua città natale, Benevento 1987, p.13).
José Moscati nasceu em Benevento no dia 25 de Julho de 1880. Filho de Francisco, Presidente do Tribunal de Benevento e de Rosa de Luca, dos Marqueses de Roseto. José era o sétimo de nove filhos.
Ele foi batizado em casa seis dias após o nascimento, no dia 31 de Julho de 1880, festa de santo Inácio de Loiola, por Dom Inocente Maio.
Em 1881, seu pai foi promovido conselheiro na Corte de Apelação e se transfere para Ancona com sua família. Em 1884, ele se muda para Nápoles como Presidente da Corte de Apelação.
O pequeno José fêz seu primeiro encontro com Jesus Eucarístico, no dia 8 de Dezembro de 1888, na igreja das Servas do Sagrado-Coração (Ancelle del Sacro Cuore) de Nápoles, durante uma cerimônia celebrada por Monsenhor Henrique Marano. Não possuímos outras informações sobre este acontecimento, mas podemos dizer que foi neste dia que foram lançadas as bases de sua vida eucarística, que será um dos segredos da santidade do professor Moscati.
Após os estudos primários, José Moscati entra no Liceu Clássico, instituto Vittorio-Emanuele, no qual ele prestará o vestibular em 1897.
Dois meses após ter iniciado seus estudos de Medicina, o jovem Moscati é atingido por um grande luto, que o marcará profundamente: seu pai Francisco, em seguida a uma hemorragia cerebral, morrerá dois dias mais tarde, no dia 21 de Dezembro de 1897, após ter recebido os últimos sacramentos.
No ambiente universitário, Moscati se distinguirá pelo seu cuidado e empenho e no dia 4 de Agosto de 1903, obterá seu Doutorado de Medicina, com uma tese sobre a urogenese hepática, e obterá louvores.
Após a obtenção do Doutorado em Medicina, a universidade e o hospital se tornarão o campo de atividade do jovem médico. Logo ele passará um concurso de Colaborador Extraordinário no Hospital dos Incuráveis (1903) e um outro de Assistente no Instituto de Química Psicológica (1908), onde ele logo ganhará muitas marcas de admiração e de prestígio no domínio científico.
Um novo luto, no dia 13 de Junho de 1904, atinge Moscati, seu irmão Alberto morre, o qual sofria de epilepsia após uma queda de cavalo durante uma parada militar em 1892.
José tinha o hábito de passar várias horas junto a ele para tratá-lo. É à cabeceira de seu irmão que ele decidirá seguir os estudos de medicina, caso único em sua família e objeto de discussões.
José tinha o hábito de passar várias horas junto a ele para tratá-lo. É à cabeceira de seu irmão que ele decidirá seguir os estudos de medicina, caso único em sua família e objeto de discussões.
Em 1906, erupção do Vesúvio, Moscati se distinguirá pelos seus trabalhos de socorro. Na Torre del Greco (perto de Nápoles), ele providenciará a evacuação do hospital de onde ele próprio ajudará os doentes a sair antes do desabamento do teto.
Dois dias mais tarde ele mandará uma carta ao diretor geral dos Hospitais Reunidos de Nápoles, propondo gratificar as pessoas que o ajudaram, mas insistirá muito para que não citem o seu nome.
Dois dias mais tarde ele mandará uma carta ao diretor geral dos Hospitais Reunidos de Nápoles, propondo gratificar as pessoas que o ajudaram, mas insistirá muito para que não citem o seu nome.
Em 1911, com 31 anos, o doutor Moscati é aprovado no concurso de Colaborador ordinário dos Hospitais Reunidos. Era um concurso muito importante que não era realizado desde 1880 e do qual participam médicos vindos de todas as partes.
No mesmo ano, pela iniciativa de Antônio Cardarelli, a Academia Real de Medicina Cirúrgica o nomeará Membro participante e o Ministério de Educação Pública lhe atribuirá o Doutorado em Química Fisiológica.
«Lembrem-se que, ao optar pela medicina, vocês tomaram a responsabilidade de uma missão sublime. Com Deus no coração, perseverem, praticando os ensinamentos de seus pais, o amor e a compaixão pelos que sofrem e com uma fé e um entusiasmo surdos aos elogios e às críticas» (carta enviada ao doutor Giuseppe Biondi; 1 de Setembro de 1921) |
Antes de expirar, após ter recebido com muita devoção os últimos sacramentos, ela dirá aos seus filhos que se ajuntam em torno a ela: "Meus filhos, morro contente. Fujam do pecado que é o maior mal da vida".
No dia 24 de Maio de 1915, a Itália entra no comflito mundial; o professor Moscati apresenta o pedido de alistamento voluntário, entretanto ele não será aceito. As autoridades militares confiarão os feridos aos seus cuidados. Ele visitará e cuidará de aproximadamente 3.000 militares, pelos quais ele redigirá um diário e suas histórias clínicas. Moscati foi para eles não somente o médico, mas também o consolador atencioso e afetuoso.
Nos anos que se seguirão, o professor Moscati renunciará à cadeira de Química Fisiológica da Universidade Frederico II de Nápoles. Será seu amigo e compadre, o professor Quagliarello, designado pelo próprio Moscati como alternativa, a se beneficiar disto.
Mais tarde, o professor Quagliarello se tornará Reitor desta universidade. É ele que, com grande humildade, nos fornecerá estas informações e declarará muito justamente: "Quantos gestos de generosidade deste gênero ele não fez? Só o Bom Deus o sabe, pois muito frequentemente, os próprios beneficiários não estavam ao par".
Mais tarde, o professor Quagliarello se tornará Reitor desta universidade. É ele que, com grande humildade, nos fornecerá estas informações e declarará muito justamente: "Quantos gestos de generosidade deste gênero ele não fez? Só o Bom Deus o sabe, pois muito frequentemente, os próprios beneficiários não estavam ao par".
Após esta decisão, tomada conscientemente, o professor Moscati se orienta definitivamente em direção do trabalho hospitalar, onde ele empregará todo seu tempo, sua experiência e seus recursos. As doenças e misérias físicas e espirituais estarão sempre no primeiro lugar de suas preocupações, pois os doentes - ele dirá - «são a imagem de Jesus Cristo, almas imortais, divinas, que temos o dever urgente de amar como a nós mesmos, segundo o Evangelho».
São estas as convicções que Moscati manifesta nos seus escritos, principalmente quando ele se dirige aos seus colegas, lembrando-lhes que «a dor não deve ser tratada como uma vacilação ou uma contração muscular, mas como o grito de uma alma ao qual um outro irmão, o médico, acorre com ardor e caridade»
O renome de Moscati como professor e médico aumentava com a sua fama. Todos falavam de suas aulas, de suas qualidades de discernimento, de seu trabalho com os doentes. O conselho de administração o nomeará Diretor da Sala III dos Homens. Era em 1919.
Além de seu intenso trabalho entre a Universidade e o Hospital o professor Moscati assegurava também a direção do Instituto de Anatomia Patológica, anteriormente dirigido por Luciano Armanni, mas em seguida descuidado por falta de atenção.
«Mas a vida não acaba com a morte, ela continua num mundo melhor. Foi a todos prometido, após a rendenção do mundo, que chegará o dia que nos reunirá aos nossos seres queridos já falecidos, e que nos levará ao Amor supremo» (carta a Mr Mariconda, de 27 de Fevereiro de 1919) |
De acordo com o professor Quagliarello ele se tornará logo "um mestre em autópsias". O professor Rafael Rossiello, que estudou a fundo e com competência a anatomia patológica de São josé Moscati, afirma que após sua morte, nem as revista sanitárias, nem os que se lembravam dele em seus discursos, nem as numerosas biografias revelaram "sua atividade de mestre do setor e diretor do Instituto de Anatomia e Histologia Patológica "Luciano Armanni".
Por outro lado a descoberta - pelo doutor Renato Guerrieri - médico diretor do hospital dos incuráveis, de um registro de autópsias efetuadas por Moscati no período - indo de 25 de Dezembro de 1925 a 9 de Fevereiro de 1927 - nos mostra de novo o aspecto quase desconhecido da personalidade complexa de josé Moscati no domínio médico e científico.
Luciano Armanni fizera gravar esta frase na entrada da sala de anatomia: "Hic est locus ubi mors gaudet succurrere vitae" ("Aqui a morte está contente de ajudar a vida"). "Mas na sala - escreve o professor Nicola Donadio - não havia nenhum traço de religião. O aposento era austero mas vazio, exatamente como em todos os lugares dominados pelo materialismo.
O professor Moscati teve uma idéia e a realizou, a de colocar muito alto na parede da sala, de modo que pudesse dominar o aposento, um crucifixo com uma inscrição que não poderia ser melhor: «Ero mors tua, o mors» (citação do profeta Oséia, 13. 14: Oh morte, eu serei a tua morte").
As autópsias realizadas por Moscati eram uma lição de vida.
O professor Moscati teve uma idéia e a realizou, a de colocar muito alto na parede da sala, de modo que pudesse dominar o aposento, um crucifixo com uma inscrição que não poderia ser melhor: «Ero mors tua, o mors» (citação do profeta Oséia, 13. 14: Oh morte, eu serei a tua morte").
As autópsias realizadas por Moscati eram uma lição de vida.
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